Já tem alguns dias que eu venho planejando escrever sobre ansiedade aqui no blog. Achei que o post sairia hoje, mas depois de ler esse texto
aqui, mudei de ideia e falarei sobre ansiedade outro dia.
Há um mês e meio atrás eu comecei a fazer karatê e parece que finalmente estou me encontrando. Amo praticar yoga, mas eu estava guardando emoções muito fortes dentro de mim e não estava conseguindo canalizá-las de forma adequada, então precisava de alguma atividade de maior impacto.
A cada treino, eu me sinto mais feliz e realizada. Parece que finalmente estou fazendo alguma coisa por mim. Eu sempre tomei minhas decisões pensando nas minhas obrigações, nos meus deveres. Tudo o que me agradava eu fui postergando e isso não me fez bem. Como eu não estava fazendo algo que
realmente me deixasse feliz, eu compensava comprando coisas. Daí a montanha de dívidas que eu acumulei.
Juntando a frustração de não ter feito a graduação que queria, com o estresse do trabalho, com as dívidas e mais um monte de outros problemas, eu adoeci. Como eu já disse em outro post, surgiu uma alergia sem qualquer explicação e até hoje eu ainda não parei de ir em médicos e de fazer exames sem encontrar um diagnóstico conclusivo.
Para mim, a alergia foi um divisor de águas na minha vida. Digo isso porque em alguns momentos eu achei que eu ia morrer, e eu não falo isso brincando. Eu realmente me sentia sem qualquer energia. Quando eu conseguia ficar em pé, sentia minha força escorrendo pelos meus braços e pernas. Todos os dias ia parar no hospital, já estava com os braços roxos de tantas injeções e não havia melhora ou diagnóstico para o meu caso.
Isso tudo que aconteceu me levou a refletir sobre o que é realmente importante nessa vida. Olhando para trás, vejo que fiz questão de tanta coisa boba que às vezes fico até com vergonha de mim mesma; além disso, minhas prioridades eram totalmente materialistas.
Outra coisa que eu percebi foi que eu não tinha amigos. Na verdade, eu até tinha amigos, mas não tinha mais contato com eles. Assim, eu fiquei doente, quase morri e estava sozinha. Eu estava tão sem contato com meus amigos que eu sequer contei para alguém que estava doente. Quando eles souberam do meu problema, o pior já havia passado.
Essa é uma sensação que eu nunca vou esquecer: a solidão quando se está com o pé na cova. Como se não bastasse o sentimento de impotência diante da enfermidade, eu ainda estava sozinha. Não estava completamente sozinha porque tinha minha mãe e meu irmão, mas em boa parte do tempo eu não tinha ninguém.
Depois de bombardear meu corpo com corticóides e conseguir controlar um pouco a alergia, eu encontrei o karatê e em seguida mudei de setor no meu trabalho. Curioso que eu continuava empolando, mas depois que eu treinava a alergia sempre sumia. Prestei atenção nisso e acho que médico nenhum vai descobrir o que eu tenho, porque eu tenho quase certeza que a minha doença teve causa emocional.
Agora minha vida já voltou ao normal, inclusive as cobranças profissionais/familiares. Sei que preciso passar em outro concurso, pois eu preciso construir a minha vida independente da minha família. No entanto, essa necessidade não me desespera mais. Eu sei que vai chegar o dia em que eu estarei ocupando um cargo de nível superior e ninguém vai me tirar isso.
Eu agora estou aproveitando essa fase pós-doença para pensar bastante. Estou refletindo bem sobre as minhas prioridades, sobre o que eu quero da vida. São muitas perguntas e poucas respostas, mas sei que não estou parada no tempo.
Por isso, não procuro mais a perfeição, fazer tudo certinho, como
deve ser. Estou dando um passo de cada vez, organizando várias coisas da minha vida. O engraçado é que tem gente que olha e pensa que não estou fazendo nada, mas minha mente não fica parada um segundo. Às vezes sinto até uma certa dificuldade para dormir.
Nesta semana farei o exame de faixa no karatê e a partir da semana que vem passarei a treinar quase todos os dias. Vai ficar muito corrido, mas eu gosto assim. Penso que a vida tem que ser corrida, tem que estar em constante movimento. Se for muito parada, a gente se acomoda e não faz mais nada. Eu já percebi que quando tenho mil coisas a fazer sou muito mais produtiva do que quando tenho poucas.
Vou continuar direcionando minha vida dessa forma e ver aonde vou chegar. Em algum lugar sei que chegarei. Se não for o que eu quero ou se tudo der errado, é só levantar a cabeça, mudar a direção e seguir em frente. A vida tá aí pra isso e parada é que eu não posso ficar.